Cirurgia, estadia no hospital e enfermeiros

Contrariando todas as minhas expectativas, essa cirurgia foi mais complicada do que as anteriores. Ela aconteceu na terça-feira, dia 28 de agosto. Eu achava que, pelo fato de já ter removido a parte superficial da glândula parótida, seria menos complexo remover o que restou de seus tecidos e os pequenos tumores que estavam reincidindo. Doce engano. Uma conversa com um dos médicos comigo e com minha mãe antes da cirurgia mudou o que eu esperava dessa cirurgia. Segundo ele, a região lesionada estava pro trás do nervo facial, o que dificultaria em alto nível todo o procedimento cirúrgico. Ele explicou que talvez o nervo facial tivesse que ser removido também, o que me deixaria com o lado direito do rosto paralisado pelo resto da vida. Enfim, não foi uma conversa agradável. Eu tive que me acostumar em alguns segundos com o fato de que poderia ficar sem mexer um lado da face pelo resto da vida. Não foi fácil.

Graças a Deus, o nervo facial não precisou ser removido. Os médicos fizeram o que puderam para preservá-lo. Apesar disso, ele foi bastante machucado no procedimento cirúrgico, fato que é visível devido ao fato de que estou com os movimentos do lado direito da minha face bastante afetados. Eu ainda espero que eles voltem ao normal, mas estou preparado para o que for, mesmo que seja com parte dos movimentos paralisados. 

Dormi por algum tempo depois de ter saído da cirurgia, que durou em todo seu procedimento cerca de três horas. Logo que acordei, já era o horário de visita, e, então, minha mãe pode me ver. Ela ficou bem preocupada com o que o médico havia dito antes da operação, mas já estava mais tranquilizada, pois após o fim da cirurgia, um dos médicos foi conversar com ela e explicou que o nervo não foi retirado e tudo mais. Foi um tempo muito bom com ela. Ficar na sala de recuperação deitado numa cama sem fazer nada além de esperar o tempo passar é bem ruim. Então, a cada visita da mãe, a cada conversa com alguém era um momento proveitoso.

Fiquei na sala de recuperação por cerca de 20 horas até ser liberado. Com certeza me deu vontade de urinar. Foi então que eu conheci o "papagaio". Na recuperação da primeira cirurgia, eu podia levantar e usar o banheiro. Na da segunda, não senti vontade de nada. Mas agora na terceira eu não podia levantar da cama. Ao falar à enfermeira sobre minha vontade de urinar, ela disse que não podia me levantar e me trouxe o "papagaio", esse objeto da foto ao lado. É, como se pode imaginar, foi um tanto desconfortável conseguir urinar "nisso". Eu juro que demorei uns 20 minutos tentando fazer xixi e não consegui. Não rolava clima. Era psicológico. Eu estava com a bexiga estourando, mas não conseguia urinar de jeito nenhum. Imagine-se tentando fazer xixi dentro de um jarro desses, embaixo das cobertas, com medo de se mijar, com um monte de gente nas camas do lado, e com os enfermeiros te esperando ficar pronto. Dura minha tarefa, não? Depois de muita concentração, finalmente consegui. E prometi para mim mesmo que me seguraria para não ter que fazer xixi novamente. Besteira! Quatro horas depois estava eu tentando usar o papagaio de novo. E, para as mulheres, havia a "comadre", que se pode ver na foto debaixo. 

Enfim, deixando de lado a parte cômica, eu gostaria de dizer que os enfermeiros são muito importantes para a recuperação dos pacientes. Fica meu agradecimento à Tamara, que estava na cirurgia, e à Karen, à Iva, à Gládis, ao Gilberto, à Paula e aos outros cujos nomes me fogem agora, que de alguma forma me cuidaram na sala de recuperação. Não sei se algum dia vocês lerão isso, mas é importante que isso fique registrado. E a você, leitor, que cursa enfermagem ou pensa em cursar, encorajo-te a seguir em frente, pois é uma profissão muito importante, que exige carisma, atenção e sabedoria. 

E, antes da cirurgia, ainda deu tempo de fazer gracinha vestindo aquela roupinha de hospital:

Agora vou me recuperar o mais rápido possível para voltar às atividades normais de vida.

:)