quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Entrevista com a Prof.ª Dr.ª Anamaria Kurtz de Souza Welp

Na disciplina Inglês III, que cursei no primeiro semestre desse ano, uma das tarefas era entrevistar um professor de inglês. Eu não poderia escolher ninguém melhor do que minha orientadora Prof.ª Dr.ª Anamaria Welp, que também é chefe do Setor de Inglês do Instituto de Letras da UFRGS. (A entrevista original é em inglês, mas vou transcrevê-la em português para uma maior acessibilidade.)

1) Por que você escolheu a docência como profissão?

Na verdade, no início eu nunca quis ser professora. Meu irmão sempre me incomoda me lembrando o que eu dizia quando iniciei minha graduação em Letras: "Eu nunca, nunca vou ensinar inglês". Bom, aqui estou. Eu acho que eu me apaixonei pela profissão com o meu primeiro emprego, aos 17, num cursinho famoso em Porto Alegre. Lá, enquanto eu estava sendo treinada, eu descobri que eu era boa naquilo. E foi tão bom! Eu logo comecei a ensinar pessoas que eram bem mais velhas que eu. Isso me fez sentir tão inteligente! Mas eu acho que  o verdadeiro ponto alto foi ver pessoas que começaram o curso sem saber nada de inglês, no final, estarem capazes de se comunicar. Isto nos dá uma sensação incomparável de realização: ter consciência de que você tem grande parte nisso, que todo o trabalho valeu a pena.
2) Quando você começou a ensinar? Você se sentia preparada o suficiente?

Como eu falei anteriormente, eu comecei a ensinar com 17 anos de idade, num cursinho famoso em Porto Alegre. Eu tinha acabado de passar no vestibular. Ninguém se sente preparado quando tem 17 anos, nem mesmo aqueles adolescentes que pensam que sabem tudo no mundo. Eu não tinha experiência de vida, era o meu primeiro emprego, e eu era menor de idade, ainda dependendo bastante dos meus pais. Eu acho que o que fez aquilo tão especial foi o fato de, apesar de os meus alunos serem mais velhos do que eu e terem muito mais experiência, eu sabia algo que eles não sabiam: inglês.

3) O que você tem a dizer sobre o senso comum de que você tem que viajar para ter um bom inglês?

Bom, eu não posso negar que isso fez diferença pra mim, mas eu conheço muitas pessoas que falam e escrevem um inglês perfeito sem nunca ter pisado num país cujo inglês é língua oficial. Eu acho que, se você tem a oportunidade de viver no exterior, ótimo. Mas eu não acho que isso faz de você um bom professor. Bons professores, na minha opinião, nascem assim. É um dom. Você pode ser muito fluente e proficiente em uma língua, mas pode não ter o talento para ensinar, para transmitir conhecimento às pessoas.

4) Você se lembra de alguma experiência em sala de aula da qual você nunca vai esquecer?

Sim, claro! Eu dei aula para idosos em certo momento da minha vida. Eu estava grávida do meu filho. Um dia eu entrei na sala de aula, e eles tinham me preparado um chá de fralda surpresa! Tinha muitos presentes, balões, e comes e bebes. Eles também fizeram um discurso muito bonito expressando sua gratidão de me ter como professora. Obviamente me derramei em lágrimas. Não consegui me controlar. Foi muito especial. Há tantos outras vezes, mas então eu teria que escrever sem parar.

5) O que um professor deve fazer pra lecionar na UFRGS?

Bom, essa não é uma tarefa fácil. Você tem que ter diplomas: um mestrado ou um doutorado. Depende da vaga. Então você tem que investir em seu Lattes com publicações e participações em eventos. Desnecessário dizer que você tem que estudar muito os conteúdos que publicam no edital. Você também tem que ter experiência no ensino. Tudo isso conta. Mas, acima de tudo, você tem que ter boa saúde, porque é o processo de seleção é muito, muito árduo: estressante e cansativo.

6) Você pode dar alguns conselhos para aqueles que vão ser professores?

Nunca desista. Conheça os seus alunos e os entenda: o que eles gostam, o que eles precisam. Seja amigo deles, mas, assim como um pai, lembre-se que às vezes você tem que ser duro com eles. Não faça coisas muito fáceis pra eles, porque a vida não é fácil. Você tem que superar frustrações o tempo todo. Você tem que ensinar que eles precisam trabalhar duro pra fazerem a diferença. E o mais importante: divirta-se! Você vai ser feliz na sua profissão, não importa o que escolha, se você gosta do que você faz.

Como é bom ler uma entrevista assim, né? Aprendemos muito! Agora nos resta ruminar, digerir tudo isso para nos preparar e nos motivar para a profissão que formos seguir. Se sua escolha for ensinar, bem-vindo ao clube!

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