sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Realização através da identidade profissional

Sempre defendo que a vocação (tratada por Luiz Carlos Prates no vídeo abaixo como identidade profissional) deve indicar o caminho a ser seguido na vida profissional. A minha decisão foi bastante difícil: estava entre a docência mal remunerada e qualquer outra profissão que proporcionasse um retorno financeiro maior. Eu estava no ano do meu vestibular e eu deveria escolher o meu curso: escolhi Licenciatura em Letras. Não foi uma decisão fácil, ainda não é. Frequentemente tenho que recordar os motivos que me fizeram escolher a docência, o ensino de línguas. Apesar dos reveses da profissão, escolhi a minha vocação. Ela é que me dá vontade de acordar cedo todos os dias e ir estudar e trabalhar.

Para tratar deste assunto, trouxe um comentário de Luiz Carlos Prates. Nem sempre concordo com suas opiniões, mas com essa, particularmente, concordo bastante. Talvez nem tanto com a parte de que só  podemos nos realizar pelo trabalho, mas por todos os motivos que ele dá para procurarmos nossa identidade profissional. O seu comentário faz parte da edição do dia 28 de agosto desse ano do SBT Meio Dia de Santa Catarina.

Segue abaixo o vídeo e a transcrição, para quem quiser retirar algum trecho:


Meus amigos, eu costumo dizer exaustivamente; não retiro esta proposta, esta forma de ver a vida: só podemos nos realizar pelo trabalho. Só pelo trabalho. O trabalho nos viabiliza os recursos de que precisamos para nos mantermos no essencial, no básico. E nos abre as portas para que nos realizemos como ser humano. A nossa sociedade, todavia, ainda está alicerçada sobre o status ou o saldo bancário. Mas o status ou o saldo bancário podem ser resultantes de uma vocação realizada a partir de uma identificação de uma paixão. Explico. Se um menino desenvolve interesse, se ele se encaminha para uma determinada atividade por gosto, por paixão, a família não deve pressioná-lo para que desista, porque esta ou aquela atividade não é aquilo que a família estava a imaginar para a criança. Só que a criança vai se realizar exatamente naquela atividade por ela escolhida. Nós aqui ensinamos, instruímos, aconselhamos, incentivamos a que o jovem faça concurso público. Se o concurso público for porta indispensável para ser passada para que cheguemos a uma realização profissional, tudo bem; caso contrário, é visualizar, é tentar garantir apenas o salário e a estabilidade. Sim, mas e a saúde, e a felicidade? "Ah, isto é secundário." Não, não é secundário. Muita gente por exemplo, por vaidade, aceita uma promoção no trabalho. O cara é o melhor vendedor da loja. Aí alguém imagina: "Puxa, esse cara aí vai ser o nosso grande gerente de vendas." Tira o sujeito do balcão, da venda, do varejo, e o coloca como gerente de vendas, e o sujeito fracassa. Por quê? Porque ele era um bom vendedor, e não um gerente de vendas. O repórter de guerra, esta história eu li  num resumo do The New York Times. O repórter de guerra, conceituadíssimo, o cara envelheceu um pouco, mas o cara foi a todas as batalhas; foi promovido a chefe de redação; afundou. Grosseiramente incompetente! Por quê? Ele era um repórter externo; ele era um sujeito de ir lá, na frente de batalha. Aí o trouxeram para dentro da redação para promovê-lo: o rebaixaram existencialmente. É isso. Nós temos que procurar a nossa identidade profissional cedo na vida, e, aí, receber, então, o incentivo, o apoio dos pais. Os pais podem trazer esclarecimentos, não devem pressionar, porque só nos realizamos - e bem! - através do trabalho na vida. Isto significa o casamento com uma atividade profissional, que não pode ser por valores senão pelos do amor, isto é, eu faço daquilo de que gosto. E aí vai dar certo do ponto de vista da competência, da paixão e da realização na vida. É isso.
E aí, você concorda? Deixe sua contribuição para o assunto nos comentários.

Obrigado pela leitura.

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